
... nós sabemos que o mar fica longe
desta casa...
do desespero em nós, o mesmo que sacudimos
do capote
ao entrarmos em casa, uma brisa morna arrefece o mar, e o mar fica por fora, ou dentro se por fora nos encontrarmos nós...
... nós sabemos que do mar à casa dista uma distância sem fim
(talvez porque mora proximo) o mar é um amigo longinquo onde encontramos o corpo que não nos quis. Por isso ficamos
a casa sempre mais velha, perdida em nós...
que sabemos
o mar tão longe, quanto mais perto o queremos
para lavar
levar para longe as lágrimas de que é feito
o mar
... nós sabemos um mar de sangue
vermelho
murmurio na alma pequena, que se despega de nós e parte para longe onde o mar já não existe, nem ninguem o vê, nem sabe ver
porque é preciso saber ver a cor que o mar tem, quando o mar
longinquo
parece uma cor indistinta entre um tudo e um nada...
...e nós esquecemos
o mar
porque ele ainda tem a pureza do sal, e a promessa continua de envolver-nos o corpo num manto quente, e quebrado de nós, um desejo
impossivel de mar
onde o infinito se estende possivel à nossa frente, e um liquido correndo de nada para tudo nos leva a alma para sempre, esse mar de névoa e sol que brilha ao longe
e perto
da casa a prisão continua do corpo por invadir,
nós sabemos, do mar apenas
a lonjura...
by Ar, 28 de Dezembro de 2006
Foto Ao fundo... de Andreia Reis