Wednesday, December 27, 2006

Longe...


... nós sabemos que o mar fica longe
desta casa...
do desespero em nós, o mesmo que sacudimos
do capote
ao entrarmos em casa, uma brisa morna arrefece o mar, e o mar fica por fora, ou dentro se por fora nos encontrarmos nós...

... nós sabemos que do mar à casa dista uma distância sem fim
(talvez porque mora proximo) o mar é um amigo longinquo onde encontramos o corpo que não nos quis. Por isso ficamos
a casa sempre mais velha, perdida em nós...
que sabemos
o mar tão longe, quanto mais perto o queremos
para lavar
levar para longe as lágrimas de que é feito
o mar

... nós sabemos um mar de sangue
vermelho
murmurio na alma pequena, que se despega de nós e parte para longe onde o mar já não existe, nem ninguem o vê, nem sabe ver
porque é preciso saber ver a cor que o mar tem, quando o mar
longinquo
parece uma cor indistinta entre um tudo e um nada...

...e nós esquecemos
o mar
porque ele ainda tem a pureza do sal, e a promessa continua de envolver-nos o corpo num manto quente, e quebrado de nós, um desejo
impossivel de mar
onde o infinito se estende possivel à nossa frente, e um liquido correndo de nada para tudo nos leva a alma para sempre, esse mar de névoa e sol que brilha ao longe
e perto
da casa a prisão continua do corpo por invadir,
nós sabemos, do mar apenas
a lonjura...

by Ar, 28 de Dezembro de 2006

Foto Ao fundo... de Andreia Reis

Sunday, December 03, 2006

Meus Silêncios...


Os meus silêncios são assim,
De espinhos cravados.
Rasgam a pele
Quando tento escapar.

Meus silêncios não têm medo.
Medo eles são por inteiro,
De espinhos cravados,
Medo deram por companheiro.

Meus silêncios já não me falam,
São apenas ausência
E, espinhos cravados.
O medo pelo medo e contundência.

Meus silêncios ficaram agora zangados.
Nada são de mim e eu, deles, tudo.
Sou o eterno rasgar neles
De espinhos cravados...


by Ar, 30 de Novembro, 2006